Lá do Leste no Cineclube Pólis

DIA 17 DE DEZEMBRO DE 2010 AS 19HS

Documentário produzido via edital Etnodoc

Etnografia urbana, antropologia compartilhada

As diretoras do filme conheceram Cidade Tiradentes e seus artistas no processo de pesquisa para um mapeamento audiovisual das dinâmicas protagonizadas por jovens artistas de Cidade Tiradentes. O produto final da pesquisa foi um website interativo (www.cidadetiradentes.org.br) com o objetivo de que o conhecimento produzido na e com a comunidade fosse efetivamente apropriado por ela. Os pesquisadores-moradores revelam-se conhecedores profundos da realidade local, e esta apropriação do território, expressada em suas obras artísticas, foi a inspiração para esse filme.

Estrutura fílmica

Alguns elementos devem ser destacados na estrutura do filme.

Uma das suas camadas narrativas pode ser chamada de etnografia dos grupos. Procuramos descrever seus deslocamentos no território, os equipamentos e espaços que utilizam para apresentações e ensaios, suas práticas artísticas, sua sociabilidade, e suas reflexões.

A segunda camada narrativa explora a metodologia da “câmera bastão”. Daniel Hylario, morador de Cidade Tiradentes, e alguns dos artistas apresentados no filme, têm em mãos uma câmera para gravar o seu universo sem a presença da equipe. O material registrado traz cenas únicas da vida cotidiana destes artistas, no trabalho, na rua e em casa, além de reflexões instigadas pelo questionamento de alguém com quem compartilham a experiência de viver no bairro. O material revela, por meio de outra perspectiva e textura fílmica, o olhar do artista sobre a sua experiência cotidiana, que é o material bruto das suas criações.

A terceira camada narrativa do filme é a artística. A materialidade do grafite, da dança e da música ganham forma seja nos eventos protagonizados pelos grupos seja em cooperações entre eles e nossa equipe, como a animação com o coletivo 5Zonas.

Ficha técnica:

DIREÇÃO, PESQUISA E ROTEIRO: Carolina Caffé e Rose Satiko Gitirana Hikiji

PRODUÇÃO: Movie Art; Laboratório de Imagem e Som em Antropologia (LISA-USP); Instituto Polis; W.S. Produções

MONTAGEM E ROTEIRO DE MONTAGEM: Karine Binaux

DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA: Rafael Nobre

CÂMERA-BASTÃO E PRODUÇÃO LOCAL: Daniel Hylario

TÉCNICO DE EDIÇÃO (LISA): Ricardo Dionisio

ANIMAÇÃO (GRAFITE): Andre Farkas e Arthur Guttilla

TRILHA SONORA ORIGINAL: Thomas Rohrer

DESIGN SONORO PÓS-PRODUÇÃO DE ÁUDIO: Ewelter Rocha e Mauro Darcio

COLORIZAÇÃO: Kauê Bregola

ASSISTENTE DE FOTOGRAFIA: André Peniche

SOM DIRETO: Tomires Ribeiro

ASSISTENTE DE PESQUISA E PRODUÇÃO: Nathalie Ferreira

Direitos Autorais, Produção e Acesso a Cultura

O Ministério da Cultura (MinC) abriu no dia 14/6, a consulta pública do anteprojeto de lei que reforma a lei de direitos autorais (Lei 9.610/98 – LDA). A LDA vem sendo tema de debate com a sociedade desde 2007 e a proposta de alterá-la, segundo o MinC,tem o intuito de equilibrar a proteção dos autores com o direito da sociedade de acessar de forma mais ampla os bens culturais produzidos.

O direito autoral está num ponto importante e delicado da cadeia cultural, na interface entre produção, circulação e fruição dos bens culturais. A legislação autoral pode ser flexível, e permitir que esse elo se estabeleça de forma ágil e democrática, unindo o produtor de cultura ao público. Ou ser rígida, e significar um obstáculo ao acesso à cultura pela própria sociedade que a produz.

Hoje, os Pontos de Cultura e os Cineclubes cumprem um importante papel na produção, preservação, compartilhamento de cultura no país. Para eles, portanto, o debate dos direitos autorais passa a ser central.

Uma rede, como a dos Pontos, que compartilha seus conhecimentos, suas manifestações artísticas, seus saberes tradicionais, numa complexa dinâmica de transmissão de modos, fazeres e comportamentos, precisa entender como os direitos autorais aí se inserem, especialmente com as possibilidades digitais que gradativamente se incorporam ao seu cotidiano

Os Cineclubes existem desde os primórdios do cinema, constituindo-se como uma modalidade alternativa de projeção, comprometida com a democratização do audiovisual e, portanto, requerindo sua livre circulação.

Como protagonistas do vasto e diverso fazer cultural na base da sociedade brasileira, os Pontos de Cultura e Cineclubes inevitavelmente se relacionam com os direitos autorais no seu dia-a-dia, quando:

  • exibem em seus telecentros filmes e músicas unicamente com finalidade cultural e educacional;
  • fazem cópias digitais de filmes para a circulação e exibição sem interesse de lucro;
  • vêem sua produções musicais populares, tradicionais e regionais perdendo espaço para músicas veiculadas mediante pagamento às rádios – o famoso jabá;
  • produzem softwares livres, utilizam ferramentas digitais pra sua comunicação em rede e a internet para divulgarem o que é produzido na sua comunidade;
  • fazem remixes de obras para usos criativos e recriações, a exemplos dos grupos de rap e hip-hop;
  • quando fazem cópias para preservação de seus acervos, bibliotecas e videotecas;

Todas estas questões, dentre muitas outras, passam a ser disciplinadas de forma mais efetiva, buscando o interesse público de quem faz e consome cultura, agora com a proposta da reforma da lei de direitos autorais. Uma nova legislação, mais adaptada às inovações tecnológicas e mais atenta à demandas dos segmentos culturais, beneficia a disseminação do conhecimento em rede, a preservação dos saberes e contribui para formas mais criativas de disponibilização das obras.

Nesse sentido, o Instituto Pólis e a Rede pela Reforma da Lei de Direitos Autorais convidam para a sessão de diálogo: Direitos autorais, produção e acesso à cultura, a ser realizado no dia 13 de julho, das 14h às 18h, no Instituto Pólis.

A ideia é ter uma conversa franca e aberta sobre como é a lei de direitos autorais hoje, quais os principais problemas e como revê-la para atender mais fortemente o interesse público do acesso à cultura e ao conhecimento. O projeto de lei que reforma a LDA fica em consulta pública, para receber contribuições da sociedade, até o dia 28 de julho e depois segue para o Congresso Nacional.

Participantes:

José Vaz de Souza Filho (Coordenador de Gestão Coletiva e Mediação em Direitos Intelectuais do MinC)

Frank Ferreira (Conselho Nacional de Cineclubes)

Gustavo Anitelli (Musica para Baixar)

Olívia Bandeira (Instituto Overmundo)

Sérgio Amadeu (Universidade do ABC)

Thiago Skárnio (Pontão Ganesha de Cultura Digital / Tuxáua)

Moderação: Guilherme Varella (Idec, Rede pela Reforma da Lei de Direitos Autorais)

*web transmissão ao vivo pelo Ponto de Cultura nas Ondas do Digital, endereço: fabricadetv.org.br

Data: 13 de julho, 14h às 18h
Local: Instituto Pólis
(Rua Araújo 124, República – SP)

Arte e Cidade no Cineclube Pólis

DIA 24 DE JUNHO ÀS 19:00

Arte e Cidade é uma mostra de manifestações artísticas urbanas com o objetivo de promover interações entre artistas e o público, bem como reflexões sobre as práticas de produção e difusão artísticas, tendo como foco os novos territórios que a arte vem alcançando em tempos de grandes transformações dos meios de comunicação, seus desafios e potencialidades.

O evento contará com exibição do webdocumentário Mapa das Artes da Cidade Tiradentes e o lançamento da edição número três da revista Graffiti Poético do coletivo 5 Zonas. Será realizado um debate com a equipe de produção do Mapa das Artes da Cidade Tiradentes e com o coletivo 5 zonas.

O webdocumentário a ser exibido consiste num mosaico de videogramas sobre artistas de diferentes linguagens do bairro Cidade Tiradentes, na zona leste de São Paulo, que podem ser assistidos de forma não-linear, concebidos e produzidos para compor o Mapa das Artes da Cidade Tiradentes, disponível no site http://www.cidadetiradentes.org.br/.

O 5 Zonas é formado por cinco artistas da cena do graffiti arte paulistano (Credo, Eve14, Hope, Sow, e Tota). O grupo tem por objetivo divulgar, pesquisar e sobretudo, fazer graffiti, sem se prender a limites geográficos. O 5 Zonas se preocupa em manter viva, na prática, a palavra “coletivo” por meio da liberdade que um integrante tem em “completar” o outro, tanto na forma de pensar os projetos, bem como na maneira de executá-los. Todo desenho feito pelo grupo recebe um toque final, se necessário, dos cinco membros, resultando assim, num sexto estilo. O grupo não se prende ao ego, ou seja, não permanece o “eu” e sim o “nós”

Coquetel e registro audiovisual acontecerão durante o encontro e imagens disponibilizadas neste blog

CTRL-V :: video control no Cineclube Pólis

DIA 20 DE MAIO (QUINTA-FEIRA) DE 2010

Um olhar sobre a sociedade videocrática contemporânea a partir de uma análise histórica da formação dos conglomerados de mídia, sua relação com o Estado norte-americano, bem como suas implicações nas culturas locais no atual fenômeno da convergência digital.

Exibição de conteúdo audiovisual da pesquisa transmidia CTRL-V que se manifesta em livro, webdocumentário e redes sociais e debate com os realizadores:
Leonardo Brant, Ricardo Giassetti e Fernanda Martins.

Sobre os debatedores

FERNANDA MARTINS é gestora cultural especialista em cooperação internacional é diretora do DiverCult, organização internacional sediada na Espanha que trabalha para a promoção da diversidade cultural em âmbito iberoamericano e CPLP. É formada em Relações Internacionais e posgraduada em Gestão Cultural, em Barcelona. Atualmente é responsável por gestão de patrocínios culturais pela Animus Consult.

LEONARDO BRANT é pesquisador de políticas culturais e presidente da Brant Associados, consultoria estratégica paraempreendimentos socioculturais. Criou e edita o blog Cultura e Mercado, autor do livro O Poder da Cultura, entre outros. Conferencista internacional e coordenador de cursos de formação na área cultural, Leonardo é um dos fundadores do Centro de Estudos de Mídia Entretenimento e Cultura – CEMEC. Coordena a pesquisa e dirigiu o webdcumentário Ctrl-V | VideoControl, sobre a indústria e as políticas para o audiovisual.

RICARDO GIASSETTI apresentou tendências interdisciplinares desde a adolescência, quando iniciou a carreira como jornalista. Ao longo dos anos, recebeu prêmios como escritor, roteirista, editor e publicitário, com trabalhos publicados no Brasil, EUA e Japão; e campanhas em mais de 20 países. Na publicidade e entretenimento especializou-se em storytelling, transmedia, crosscontent e digital ads. Criador da MOJO Books, atual consultor/tradutor de Convergência para a Editora Aleph e diretor da Oople.

Trailer

O Cineclube Pólis não morto, apenas dormindo!

O sono é um estado natural relativo à suspensão da atividade sensorial e motora, caracterizada pela inconsciência total ou parcial e inatividade de quase todos os músculos voluntários. Distingue-se da vigília tranquila por uma diminuição da capacidade de reagir aos estímulos, e é mais facilmente reversível que a hibernação ou o coma. Dentro em breve retornaremos às nossas atividades e com novidades!

Z Z Z Z z z

Mostra Cinema Marginal Brasileiro

DIAS 08, 09, 15 e 16 de ABRIL

Dia 08/04 – quinta feiraElyseu Visconti

Cavalo Marinho, 1979, cor, 9 min.

Feira de Campina Grande, 1979, cor, 8min.

Os monstros de Babaloo, 1970, p&b, 120 min.

Sessões corridas às 17h, 17h30 e 19h.

Dia 09/04 – sexta feiraRogério Sganzerla

Histórias em quadrinhos, de Rogério Sganzerla e Álvaro Moya,

1969, cor, 9 min.

A miss e o dinossauro, de Helena Ignez, 2005, cor, 18 min.

Sem essa, Aranha, 1970, cor, 92 min.

Sessões corridas às 17h, 17h30 e 18h.

Palestra com o rapper

Dia 15/04 – quinta feiraAndrea Tonacci

Blá, blá, blá, 1968, p&b, 26min.

Olho por olho, 1966, p&b, 20min.

Bang bang, 1971, p&b, 81min.

Sessões corridas às 16h, 16h40 e 18h

Dia 16/04 – sexta feiraAndré Luiz Oliveira

Doce amargo, 1968, p&b, 17 min.

A fonte, 1970, p&b e cor, 12 min.

O Cristo de Vitória da Conquista, 1981, p&b e cor, 13 min.

Meteorango Kid, o herói intergalático, 1969, p&b, 85 min.

Sessões corridas às 16h, 16h30, 16h50 e 18h.

Memória e invenção. Poesia e experimentação. Revolução e escracho. O cinema brasileiro dos anos 1960 e 1970 viveu uma época efervescente. Naquela época, o Cinema Marginal radicalizou a linguagem cinematográfica. O rótulo de Cinema Marginal é visto com desconfiança – e às vezes até com desprezo – pela maioria dos realizadores desses filmes. O conjunto dessa produção poderia também receber o nome de Cinema Experimental, Cinema Poesia, ou Cinema de Invenção, nomes que soam bem melhor aos ouvidos desses cineastas, que em sua maioria continuaram a realizar filmes admiráveis, mesmo após os tempos sombrios da ditadura militar (1964-1985). No entanto, o assim chamado Cinema Marginal é inegavelmente um marco histórico do cinema nacional.

Em 2001, foi realizada a primeira edição da Mostra Cinema Marginal, idealizada e produzida pela Heco Produções com o patrocínio do CCBB de São Paulo. A retrospectiva obteve grande sucesso de público e mídia. O mesmo aconteceu nas duas edições seguintes, no Rio de Janeiro, em 2002, e em Brasília, em 2004. Com o inestimável apoio da Cinemateca Brasileira, a Lume Filmes e a Heco estabeleceram parceria e lançaram a Coleção Cinema Marginal Brasileiro para suprir o mercado de filmes de arte em home vídeo com o que há de melhor em nosso cinema, filmes de guerrilha, alguns feitos há mais de trinta anos, agora programados nesta mostra histórica, realizada em parceria com o Ponto de Cultura Hip-Hop a Lápis, despertando assim o interesse sobre essa produção – iniciativa importante, sobretudo num contexto como o de hoje, em que o chamado cinema de autor está em extinção.

O ponto de cultura Hip-Hop a Lápis é uma ação da Nação Hip- Hop Brasil e é mantido pela associação Vermelho. Desenvolve ações de hip-hop junto com a produção literária desde 2003. Recebeu o prêmio Escola Viva em 2007 e duas vezes o prêmio Ponto a Ponto, em 2008 e 2009.

I Mulheres à Mostra no Cineclube Pólis

Alguns perguntam se o feminismo é atual. A maneira como o capitalismo reorganizou a vida das mulheres nos dá algumas dicas para responder essa questão. O padrão de feminilidade vendido em pequenas parcelas, a milionária indústria da beleza e da magreza, como se o destino único das mulheres fosse estar bela para agradar, entram como verdades na vida de todas. As feministas sempre afirmaram que os nossos corpos nos pertencem. Isso significa dizer que toda mulher tem que ter direito de viver livre das amarras do mercado que nos transforma em mercadoria a ser vendida e em consumidora para garantir o lucro.

Dia 03 de dezembro às 19hs

CARTA MUNDIAL DAS MULHERES PARA A HUMANIDADE (Brasil, 2005,  30 min)

Esse vídeo conta um pouco da 2ª Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres lançada em 2005 no Brasil. Uma passeata com 30mil mulheres na Av. Paulista marcou definitivamente esse movimento. De São Paulo partiram em viagem a Carta das Mulheres para a Humanidade e uma colcha feita pelos retalhos que as mulheres de diferentes partes do mundo foram costurando.

SIMONE DE BEAUVOIR, UMA MULHER ATUAL (França, 2007, 52 min)

Por ocasião do centenário do nascimento de Simone de Beauvoir (janeiro de 1908), Dominique Gros propõe evocar a personalidade da romancista, filosofa, mas também a ativista política e feminista. O filme vai ao encontro desta mulher, em toda a sua riqueza e complexidade, à luz de um período rico em mudanças. Boa parte do filme evoca a franco-americana: paisagens urbanas, bares, Nova York, Chicago, Paris… A recordação de toda natureza política ou literária podem ser organizadas paralelamente à França e EUA. Desde sua viagem aos EUA em 1947 a partir da qual Simone de Beauvoir fará muitas viagens de regresso entre os dois países.

Debate com Tatau Godinho – Diretora da SOF e militante da Mundial das Mulheres

Dia 10 de dezembro às 19hs

DESENHO DO CORPO (Brasil, 2009, 52 min)

O padrão de beleza feminina vigente na sociedade é de um corpo jovem, magro e esbelto. Vera França, de 67 anos e modelo vivo à 40 anos, conduz um interessante diálogo entre diversos especialista de arte, estética e sociedade mostrando aspectos da construção do possível e ideal para beleza. O documentário mostra o olhar de teóricos e não teóricos sobre a imagem do corpo feminino.

Debate com Maria Lúcia Silveira – Socióloga e Cristiane Arenas – diretora do filme

Pierre Verger – Mensageiro entre dois mundos dia 26 às 19hs

Documentário sobre a vida e obra do fotógrafo e etnógrafo francês Pierre Verger, narrado e apresentado por Gilberto Gil e dirigido por Lula Buarque de Hollanda. Após viajar ao redor do mundo como fotógrafo, Pierre Verger radicou-se em Salvador da Bahia em 1946 onde passou a estudar as relações e as influências culturais mútuas entre Brasil e o Golfo do Benin na África.

Pierre Verger: Mensageiro entre Dois Mundos traz um importante trabalho de pesquisa realizado pelo diretor Lula Buarque e o roteirista Marcos Bernstein (Central do Brasil), que estiveram na África, na França e na Bahia em busca da trajetória do fotógrafo e etnógrafo francês Pierre Verger.

Gilberto Gil é quem narra e apresenta Verger: Mensageiro entre Dois Mundos. O filme traz a última entrevista de Pierre Verger (filmada um dia antes de seu falecimento, em 11 de fevereiro de 1996), além de extenso material fotográfico, textos produzidos por Verger e depoimentos de amigos como o documentarista Jean Rouche (Musée de l’Homme, Paris), Jorge Amado, Zélia Gattai, Mãe Stella, Pai Agenor e o historiador Cid Teixeira. A tão famosa ponte criada por Verger entre a cultura negra na Bahia e na África, rompida desde os anos 40, é reestabelecida no filme quando Gilberto Gil refaz o papel de Mensageiro e percorre os mesmos caminhos do fotógrafo. Outra descoberta de Verger apresentada no filme, são os descendentes da única colonização feita por brasileiros: os “Agouda”, africanos, habitantes do Benin e da Nigéria, que ainda hoje cultivam influências brasileiras trazidas por ex-escravos que retornaram do Brasil ao continente africano.

Debate do filme e pocket show do grupo Ilú Obá De Min

Pierre Verger – Mensageiro Entre Dois Mundos (Brasil, 1998, 84 min)

FICHA TÉCNICA:

DIREÇÃO: Lula Buarque de Holanda PRODUÇÃO: Flora Gil, Leonardo Monteiro de Barros, Pedro Buarque de Holanda

NARRAÇÃO E APRESENTAÇÃO: Gilberto Gil

TRILHA SONORA: Nana Vasconcelos

ROTEIRO: Marcos Bernstein

PRODUTORA: Conspiração Filmes, GNT Globosat / Gêge Produções

Encontro com Milton Santos ou o Mundo Globalizado Visto do Lado de Cá – dia 29 de outubro às 19hs

convite_cineclube 29-10-2009

Documentário discute os problemas da globalização sob a perspectiva das periferias (seja o terceiro mundo, seja das localidades carentes). O filme é conduzido por uma entrevista com o geógrafo e intelectual baiano Milton Santos (1926-2001), gravada em 04 de janeiro de 2001, quatro meses antes de sua morte. Considerado um dos maiores pensadores brasileiros do século XX, Milton Santos não era contra a globalização e sim contra o modelo de globalização hegemônico, que ele chamava de globalitarismo. Analisando as contradições e os paradoxos deste modelo econômico e cultural, Milton enxergou a possibilidade de construção de uma outra realidade, mais justa e mais humana.

FICHA TÉCNICA:

ESTÚDIO:Caliban Produções Cinematográficas Ltda.

DIREÇÃO: Sílvio Tendler

ROTEIRO:Cláudio Bojunga, Sílvio Tendler, André Alvarenga, Daniel Tendler, Ecatherina Brasileiro e Miguel Lindenberg

PRODUÇÃO:Caíque Botkay

EDIÇÃO:Bernardo Pimenta

Esta exibição abre o Seminário “Desenvolvimento e Sustentabilidade: as políticas de crescimento na perspectiva dos movimentos sociais” realizado pela Escola da Cidadania do Instituto Pólis que estende a programação no dia 30 de outubro. Veja a PROGRAMAÇÃO DO SEMINÁRIO aqui


Cultura e Desenvolvimento

por Valmir de Souza

Nos dias de hoje tornou-se evidente o colapso das teorias de desenvolvimento apoiadas exclusivamente nos indicadores e resultados econômicos. O moderno pensamento deve ser pensado imerso num cenário complexo onde o desenvolvimento cultural ganhe sentido.

(Hamilton Faria)

culturas populares 2

A cultura é o ambiente do cidadão. Entende-se aqui cultura como os modos de vida, os direitos fundamentais do ser humano, os sistemas de valores e simbólicos, as tradições e as crenças, incluindo-se aí a cultura “culta”. Ela é o que dá ao homem a capacidade de refletir sobre si mesmo, sobre o grupo do qual faz parte bem como sobre outros grupos, atribuindo dimensão ética aos indivíduos. Através dela efetuamos as trocas simbólicas e políticas.

Apesar de se constituir em um conjunto específico de valores de um grupo ou de um povo, a cultura fornece possibilidades de abertura para outros grupos num diálogo que propicia interações sociais. A cultura, como processo de criação e apropriação, propicia a “respiração” e a “conspiração” coletiva.

Conforme a “Declaração do México” (1986), “a cultura é o fundamento necessário para o desenvolvimento autêntico”. Hoje se busca uma qualidade de vida também cultural, pois a cultura é relevante na interação dos indivíduos com as comunidades. O desenvolvimento cultural traz consigo a dimensão qualitativa da vida social e econômica, possibilitando ao ser humano a capacidade de aprender comunicar as suas experiências.

O desenvolvimento econômico tem se mostrado “manco” em vários lugares do mundo: a experiência humana se expressa numa dimensão que vai além da produção material, experiência esta que também se constitui na materialidade da vida. Faz-se necessário pensar noutro ritmo e numa nova dinâmica social que possa proporcionar oportunidades de realização efetiva dos sentidos sociais, retomando o significado profundo do desenvolvimento ao propor novos modelos de vida em que a cultura seja o “ambiente do cidadão”.

Sabe-se que a mundialização da economia tem um movimento ambíguo. Por um lado aponta-se para as “fraturas sociais” e as conseqüentes produções de exclusão. Por outro, as apropriações coletivas e individuais colocam possibilidades de alguns avanços nas áreas de comunicação (Internet,TV, rádio…). No entanto, as “fraturas” são mais fortes do que os benefícios, pois no quadro das exclusões, aparecem as rupturas, as divisões, marginalizações, em suma, as grandes rachaduras sociais.

Na Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948) consta que “toda pessoa tem o direito de tomar parte livremente na vida cultural da comunidade, a gozar das artes e a participar do progresso científico e dos benefícios que dele resultem”. Sabe-se, no entanto, que a apropriação e fruição das produções e criações culturais são feitas por uma parcela muito pequena da população.

No Brasil, tem havido cada vez mais uma criação cultural que ainda não foi medida. As comunidades estão produzindo culturas que não são reconhecidas pela imprensa e pela sociedade, ou que sofrem, ainda, enorme preconceito sociocultural por parte da visão dominante de cultura.

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